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Entrevista á Professora Alexandra Ferreira (Escola da Ponte)                              (28/04/2015)

 

 

 

 

 

 

 

          Há algum tipo de seleção dos alunos que frequentam a Escola da Ponte? Quais as caraterísticas distintivas da população que esta escola serve?

                                            

           Os alunos que frequentam esta escola são na sua maioria oriundos da antiga escola de Vila das Aves, alunos residentes na vizinhança da escola, alunos encaminhados pela comissão de proteção de menores. No que diz respeito ao nível socioeconómico dos agregados familiares de origem este é muito diversificado, incluindo também populações problemáticas, com casos de crianças retiradas aos pais, crianças institucionalizadas. Na verdade não é muito diferente das outras escolas, excetuando os casos de alunos com Necessidades Educativas Especiais, em que temos 30 alunos, quando a média nacional ronda os 10 alunos por escola.

Uma particularidade desta escola é que partilha o mesmo recinto escolar com a Escola Básica de S. Tomé de Negrelos (que faz parte do agrupamento de escolas D. Afonso Henriques, e cujo método de ensino é mais convencional) sendo que o edifício estabelece ligação e existe partilha de algumas das salas e outras instalações (sala de Educação Visual e Tecnológica, sala de Oralidades, auditório, ginásio, sala de jogos, …), bem como de todo o recinto exterior, pelo que os alunos das duas escolas interagem entre si quase como se de uma única escola se tratasse.

 

 

 

          Como ocorre a adaptação deosprofessores a este tipo de ensino? Há alguma formação prévia?

 

          Na verdade, embora anteriormente tenha já sido prática ministrar uma formação direcionada para a adaptação dos professores à realidade desta escola, hoje em dia a adaptação e (preparação) é feita acima de tudo em serviço, com a familiarização a toda a dinâmica inerente ao funcionamento desta escola, no entanto reconheço que por vezes possa não ser demasiado fácil, mesmo apesar da experiência anteriormente adquirida noutras escolas, pois o nosso sistema de ensino (e de funcionamento) difere da generalidade das escolas.   

           

 

 

          Como ocorre a integração dos novos alunos na escola e nas suas atividades, bem como o qual o papel dos pais na escola?

 

          Desde que chegam á escola os alunos novos são incluídos nas atividades pelos outros alunos, acabando por existir um sistema de tutoria implícito (promovido pelos estudantes) para apresentar a escola, as atividades e responsabilidades dos alunos nas diversas áreas (com por exemplo a seleção da musica ambiente para cada sala – praticamente todas as salas têm musica ambiente calma, selecionada pelos alunos) e os integrar em grupos de atividades a decorrer no dia-a-dia da instituição e pelas quais os alunos vão rodando ao longo do ano (como por exemplo realizar as visitas guiadas á escola, que ocorrem diariamente, ao longo de todo o ano). Uma atividade também da responsabilidade dos alunos, em que podem participam, é na gestão e mediação de conflitos entre alunos, a qual ocorre de forma autónoma, através dos “provedores dos estudantes” (alunos destacados periodicamente para exercer esta função, arbitrando os conflitos que surgem entre si - sendo que muitos dos conflitos são exclusivamente resolvidos por esta via, de forma autónoma).

         

          Um outro aspeto importante é também o facto de podermos ter em simultâneo num mesmo núcleo de aprendizagem (Iniciação, Consolidação e Aprofundamento – ao invés da divisão por anos de escolaridade ou ciclos o ensino é organizado por Núcleos) alunos do 1º, 2º e 3º ciclos, com diferentes idades, consoante as necessidades individuais.

Na verdade pretende-se que os alunos saibam acima de tudo serem seres humanos melhores, fomentar a flexibilidade, a autonomia e a polivalência.

         Uma parte fundamental e integrante da escola são os pais (que estão muito envolvidos na dinâmica da escola) sendo que as concelhias de pais têm mesmo poder vinculativo, por exemplo, quanto ao uso ou não uma determinada sala para uma atividade proposta (ou programada).

Também a destacar é o bom funcionamento do programa Eco-Escolas, bem como iniciativas privadas (propostas por pais e outros indivíduos particulares, empresas, instituições, …) no âmbito de ações de divulgação junto dos alunos e comunidade escolar, nas mais diversas temáticas, sem necessidade de grandes formalismos (embora sendo tais propostas avaliadas previamente).

 

 

          Adaptação dos estudantes da Escola da Ponte perante eventuais necessidades de mudança para outras escolas no decorrer do seu percurso académico (até ao 3º ciclo do ensino básico) e adaptação á transição normativa da escola da Ponte para outros ciclos de estudos (mais especificamente, para o ensino secundário e posteriormente para o ensino superior).

 

          No que diz respeito a alunos que por algum motivo transitam durante o 3ºciclo (antes da conclusão) desta escola para outra (por exemplo por mudança de residência), apesar das diferenças, essas mudanças não têm suscitado problemas de adaptação significativos.

Como em qualquer transição normativa de ciclo de estudos, ou mudança para uma nova escola há uma nova realidade e estes alunos, num primeiro momento (por exemplo na transição para o secundário), podem sentir alguma dificuldade acrescida, pois nesta nova escola terão prazos que não são fixados por si próprios, até aqui o ensino era orientado para (e pelo) aluno, incluindo a fixação dos prazos das avaliações (dentro de determinadas normas e com o acompanhamento devido), e eles participavam em todo o processo, desenvolvendo competências para regular a sua própria aprendizagem e para, caso não saibam algo, aprender a procurar, onde procurar e como apreender esse conhecimento (desenvolvendo assim competências de autonomia, pesquisa, iniciativa e autorregulação). No entanto, apesar de poderem sentir um pouco mais de dificuldade nesta transição, tendem a ter maior preparação e facilidade na adaptação ao ensino superior (comparativamente a outros alunos), pois muitas das competências descritas que são desenvolvidas na Escola da Ponte são algumas das quais a generalidade dos alunos requer aquando da entrada na faculdade, e que muitas vezes ainda não detém (nomeadamente a autonomia e a capacidade de autorregulação no que diz respeito á aprendizagem e ás suas tarefas, a iniciativa e a capacidade de pesquisa).

© 2015  Grupo 8 de Psicologia da Educação da FPCEUC

 

António Morais Diz          2012121459

 

Manuel Vicente Farinha   2012135569

 

Marco Silva Martins        2012119151

 

Maria Isabel Santos        2012121111

 

Maria João Varela           2012119190

 

Pedro Jorge Silva           2011128923

 

 

 

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