


Psicologia da Educação

Fundamenta-se na Teoria Geral dos Sistemas e Pragmática da Comunicação oferecendo um enquadramento ao relacionamento humano em que se entende o processo educativo como aquilo que passa entre o educador e o educando (relação educativa).
A relação (educativa) é, melhor dizendo, assente nos fenómenos de interação/comunicação entre todos os elementos (Pais, Criança e outros significativos) que participam num processo educativo (Farinha, 2005, p. 49).
Deste modo falamos da Psicologia da Educação como Psicologia da Interação Humana e assim passa-se a citar o Prof. José Tavares (cit in Farinha, 2005) que afirma: “Com efeito, se bem que não se negue a importância dos fatores pessoais, como o desenvolvimento, capacidade e atitudes, é no campo da interpessoalidade que se define e concretiza o que mais específico tem a relação educativa…” (p. 49).
De referir também que a abordagem sistémica está também ela representada no Decreto-lei Nº 190/91 de 17 de Maio com referência ao psicólogo como parte do sistema educativo pelo que lhe competirá dentro das funções que se lhe destinam desenvolver as relações interpessoais no interior da escola e desta com a comunidade.
De dizer que a perspetiva sistémica estuda o sistema em si e os seus traços característicos- ordem, interação, diferenciação, regulação, auto-manutenção, evolução, etc. -i.e., na abordagem de um problema centra-se neste tipo de processos que caracterizam a relação entre os elementos relevantes (Farinha, 2005, p. 50).
Evéquoz (1998) refere numa abordagem sistémica da escola se olha para as interações do aqui e agora estabelecidas entre os envolvidos nas escolaridade de uma criança (Farinha, 2005, p. 50) .
Refere também que na análise/interpretação sistémica da situação existem dois elementos fundamentais: o código e as estratégias.
O código (leis escritas, tradições e mitos) corresponde ao conjunto de regras que regulam o funcionamento do sistema estando dotadas de um certo grau de estabilidade pelo que têm por função assegurar a coesão e a estabilidade dos elementos em interação. E.g., o código da escola vai determinar as relações educativas desta com o exterior (família, alunos)(Farinha, 2005, p. 51).
Por outro lado, está relacionado com os processos de comunicação que desenrolam na escola e a haver, e.g., a decisão da parte do professor que não atenderá aos alunos com mais dificuldades em função de haver demasiados alunos na sala só poderá ser entendida por meio das regras que definem o código da respetiva instituição (subjaz relação código – interações) (Farinha, 2005, p. 51).
Por fim, as estratégias respeitam à adaptação a essas regras - estrutura relacional - sendo específicas a determinada situação interacional e tendo um nível de complexidade superior ao do código. Com a sucessão de interações tais tornam-se padrões observáveis e identificáveis. Também são mutáveis podendo passar-se de uma relação competitiva para uma relação complementar, e.g., cenário do aluno que sistematicamente testa a autoridade do professor em causa mas que mediante a intervenção de terceiro (psicólogo) muda a sua conduta respeitando o professor. Para a compreensão das estratégias utilizadas num dado momento compreendidas é necessário serem descritas no seu contexto, e.g., o professor/ educador pensar nos seus comportamentos-comunicações-respostas que poderiam ter influenciado a resposta num sentido ou noutro. Partindo deste exemplo alude-se ao tipo de intervenção centrado no que o eu pode fazer deveras útil como instrumento de trabalho pois recai sobre aquilo que unicamente é passível de controlo, o nosso próprio comportamento, pretendo-se que este identifique a resposta mais apropriada à situação (Farinha, 2005, p. 52).
Na verdade são muitos os aspetos que são consagrados pela abordagem sistémica da Psicologia da Educação como é o caso dos fenómenos grupais (e.g., tamanho da turma) já que na escola (desde sala até à situação de recreio) os indivíduos estão em grupo pelo que importa conhecê-los de modo a dar uma resposta o mais eficaz possível (Farinha, 2005, pp. 71-72).
Um fenómeno também interessante ligado à abord. Sistémica tem a ver com o “eventual” trabalho cooperativo e suas potencialidades pelo que neste sentido interessa ver como as crianças se entendem e interagem umas com as outras em contextos escolares Sistémica. Existem assim três modos básicos de interação:
- As crianças podem competir entre si para ver quem é o melhor, correspondente à estrutura de objetivos definida por Deutsh como competitiva
- Podem trabalhar i:ndividualmente no sentido de responder às solicitações e realizar as tarefas propostas, sem prestar atenção ao trabalho dos outros; correspondente à estrutura de objetivos definida por Deutsh como individualista
- Podem trabalhar cooperativamente estando cada criança interessada no trabalho da outra como no seu próprio, podendo mesmo ajudarem-se no sentido de alcançarem uma meta comum; correspondente à estrutura de objetivos definida por Deutsh como cooperativa. Em termos globais e pese não haver unanimidade o padrão de interação cooperativo parece ser o mais benéfico/eficiente (Farinha, 2005, pp. 89-90).
Aspetos conceptuais
