


Psicologia da Educação

Natureza e elementos de avaliação

Ao processo de avaliação educativa corresponde um processo de elaboração de juízo de valor acerca das aquisições dos alunos, processo esse que, não captando na totalidade as aprendizagens, procura traduzir o melhor possível estas aquisições no juízo de valor formulado (Coll et al., 2004, pp. 370-385).
A avaliação, tal como nos refere Coll et al. (2004, pp. 370-372), enfatiza a valorização das aquisições dos alunos resultantes do processo de ensino e aprendizagem, sendo que essa valorização ou reconhecimento depende não só dos objetivos e critérios de aprendizagem (expetativas sobre a aprendizagem) como também dos indicadores observáveis (indicadores de ausência, presença ou grau de presença de determinados conhecimentos ou competências alvo do processo de ensino-aprendizagem). Daqui decorrem algumas implicações:
- as intensões educacionais (diretrizes que guiam e orientam o processo ensino aprendizagem)são indissociáveis da avaliação das aprendizagens - e deste modo as intenções educacionais devem estar bem definidas e clarificadas para que se possam emitir juízos de valor;
- a avaliação não pode ser vista como uma medida, mas como um juízo de valor(embora a medida possa ser usada não só para expressar os juízos de valor, como também para definição de indicadores);
-a objetividade da avaliação depende simultaneamente do grau de clareza com que são definidos critérios e indicadores que permitem formular o juízo de valor acerca das aprendizagens dos alunos e da precisão e fidedignidade dos procedimentos e ferramentas de avaliação usadas para obter uma medida desses indicadores, através das realizações dos alunos;
-a validade dos indicadores usados (até que ponto são reveladores das das aprendizagens alvo do processo ensino-aprendizagem, e de que forma se relacionam com os critérios/indicadores de referência, para que se possa emitir um juízo de valor eficiente)
-a avaliação, tal como enfatiza Coll et al.(2004), é um processo indissociável do processo ensino aprendizagem, na medida em que as atividades de avaliação (em que o professor procura, através de diversos métodos, identificar e avaliar as aprendizagens) “são o elo que permite vincular”(p. 372), isto é, são o elemento que liga, o processo de ensino com a aprendizagem, e deste modo, os três “constituem uma unidade indissolúvel”(p. 370).
A emissão do juízo de valor acerca das aprendizagens já realizadas pelos alunos não marca o fim do processo de avaliação (Coll et al. 2004, p.372; Moreno, 2010). Mais especificamente e pondo em evidência a dimensão educacional da avaliação, a comunicação de um juízo de valor acerca das aquisições dos alunos, tal como refere Coll et al. (2010) é frequentemente apresentada a diferentes interlocutores (desde o próprio aluno e o próprio avaliador, até aos pais, á comunidade escolar, a outros professores, …) sendo distinta a função dessa comunicação, bem como o uso que se espera que lhe seja dado, em função “dos âmbitos de competência e responsabilidades” (p. 372) dos destinatários, ou seja, “não apenas avaliamos algo, mas também avaliamos para algo”(p. 372).
Por sua vez, a dimensão comunicativa do juízo avaliador não se destina apenas a comunicar o juízo, após o processo de avaliação, ao destinatário, mas muitas vezes tem também implicações em todo o processo de avaliação, nomeadamente:
-na escolha de critérios e indicadores
-na escolha e planeamento de atividades e tarefas para avaliação
-no grau de participação dos alunos na fixação de todo este processo.
Deste modo, esta dimensão (comunicativa) da avaliação remete para a importância de levar em conta não apenas o como e a quem se comunica o juízo avaliativo, mas também para que se comunica, ou seja, as funções da avaliação (e relacionados com estas estão também os momentos de avaliação) (Coll et al, 2004, p. 372; Moreno, 2010).