


Psicologia da Educação

Segundo Donders (2001) a elaboração de um relatório psicológico é uma competência fulcral e incontornável do psicólogo na avaliação psicológica, ocupando cerca de 14 a 18% de todo o tempo dedicado ao processo de avaliação.
Um relatório psicológico é um documento independente que contém informação confidencial (constituindo também um elemento de proteção profissional do psicólogo) e pode definir-se por um meio de comunicação (habitualmente escrito) do processo (o modo como foi implementada a avaliação, assinalando também o termo deste processo) e resultados da avaliação psicológica, constituindo uma síntese integradora e objetiva do funcionamento psicológico do individuo, caracterizando deste modo, o seu funcionamento a diversos níveis que foram alvo de avaliação (cognitivo, emocional,…)(Simões, 2008).
Um relatório psico-educativo normalmente inclui informação relativa a competências adaptativas e áreas de funcionamento positivo, dificuldades (cognitivas, socio-emocionais, escolares), referência a fatores contextuais (que dificultam ajustamento socio-emocional) e deverá incluir também indicação de estratégias de intervenção (Simões, 2008).
Para além disto deverá também dar resposta às preocupações subjacentes ao pedido de avaliação e fornecer uma representação específica e realista acerca da pessoa, constituindo um registo de avaliação (que pode ser usado a longo prazo) para usos posteriores.
Também é importante referir que este instrumento contém informações relevantes, válidas, credíveis, persuasivas, exigindo o recurso a quadros de referência normativos podendo articular dados de avaliação e da intervenção - facilitar a supervisão, discussão e monitorização da evolução de determinada intervenção (Simões, 2008).
Podemos apontar 4 princípios subjacentes aos relatórios psicológicos:
Especificidade
Legibilidade
Utilidade
Credibilidade
A elaboração de um relatório psicológico é uma tarefa que requer a integração complexa de várias competências, no domínio da avaliação psicológica, da formulação, e de comunicação (Simões, 2008). Exige também sensibilidade às diferenças culturais e competências no estabelecimento da relação (fundamental a todo o processo de avaliação psicológica), no uso de técnicas de avaliação e também na administração e cotação de testes de avaliação estandardizados (Simões, 2008). Para além disto são também fundamentais conhecimentos sólidos de psicologia do desenvolvimento, psicopatologia, competências para a formulação do caso, bem como de ética e deontologia e decorrentes da prática profissional (Simões, 2008).
Secções de um relatório psicológico segundo Simões (2008, p.3)
1. Identificação e informação geral;
2. Elementos relativos ao profissional;
3. Motivo da consulta;
4. História relevante / informação contextual;
5. Procedimentos / testes administrados;
6. Observações do comportamento;
7. Avaliação do funcionamento atual através dos resultados obtidos;
8. Formulação do caso: interpretações, impressões e conclusões;
9. Recomendações.
Um relatório deve dar respostas concretas às questões especificas colocada, devendo também considerar a especificidade do individuo avaliado (fornecendo uma descrição singular deste) e dos seus comportamentos problemáticos/dificuldades e, tendo em conta as circunstâncias de vida particulares da pessoa avaliada, bem como elaborar conclusões e recomendações minuciosas suportadas também nessa especificidade.
O relatório deve ser redigido de modo a responder às necessidades de informação dos destinatários (possibilidade de elaborar, para um mesmo caso diferentes relatórios consoante os destinatários) numa linguagem compreensível e adequada (considerando o seu nível de formação) e excluindo o uso de terminologia complexa (quando necessário, explicando alguns conceitos usados). É também importante que o relatório seja válido para os destinatários, pelo que, uma entrevista prévia antecede o envio do relatório escrito – podendo daqui decorrer alterações ao relatório antes do seu envio.
Um relatório deve, para além de explicar os comportamentos e os desempenhos observados, facilitar a intervenção (através de indicação objetiva de dificuldades identificadas na avaliação – e dos aspetos mais positivos do sujeito - e também apresentando soluções para as dificuldades apresentadas).
Um relatório deve não só clarificar objetivos e dar resposta ás questões que motivaram o pedido de avaliação (explicitas e implícitas), bem como deve justificar as recomendações apresentadas e ser credível e persuasivo nas suas afirmações.